Devorador de lendas: Volkanovski já é um dos maiores de todos os tempos, mas você ainda não se ligou

Frio, calculista e devastador de ícones; atleta provou que já merece lugar de destaque nos ‘livros de história do MMA’

A. Volkanovski é o atual campeão dos penas do UFC. Foto: Reprodução/Instagram

Se você leu o título desta matéria e ficou curioso para saber o desfecho desta edição do ‘Blog da Redação’, afirmo: ‘não, você não entendeu errado’. Escrevo para os céticos e para os que já acreditam no legado que Alexander Volkanovski tem pintado a ouro no peso pena (até 65,7kg.) do MMA. De ex-jogador de rúgbi a ‘devorador de lendas no UFC’, aqui, explicarei por que campeão já merece uma estátua de bronze para ser eternizado ao lado de ícones do esporte.

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No UFC 273, Volkanovski deu um verdadeiro show sob os olhares dos espectadores, que acompanharam pela TV e, principalmente, para o público presente na VyStar Veterans Memorial Arena. Agressivo e impiedoso, o australiano ‘passeou’ contra Chan Sung Jung e defendeu, com um nocaute fulminante, seu cinturão pela terceira vez.

Como uma lenda é criada?

Para você, querido leitor, o que um lutador precisa para ser eternizado na história do MMA? ‘Bailar’ e nocautear como Anderson Silva? Reinar 10 anos absoluto, como Jon Jones? Dominar e contundir como Georges St-Pierre? Anular o oponente como Khabib Nurmagomedov? De fato. Estes são ingredientes que podem caracterizar um atleta épico, singular.

O ‘Devorador de Lendas’

Os nomes citados se tornaram ícones das artes marciais mistas e estragaram sonhos de diversos adversários ao longo de suas carreiras. No entanto, já é hora de adicionarmos Alexander Volkanovski à lista? Sim, e explico, com uma pequena analogia.

No título deste texto, tratei Volkanovski como um ‘Devorador de Lendas’. Em algumas culturas, em tempos povoados por nossos antepassados, acreditava-se que se ingerir a carne de semelhantes poderia fazer com que o indivíduo se apossasse de características da ‘vítima’. Após dado ritual, baseando-se nas crenças da época, tal ser gozaria da capacidade de evoluir.

Obviamente, tratamos a referência no sentido figurado. No entanto, o que Alexander tem feito em suas apresentações no Ultimate é se ‘apossar’ qualidades de seus adversários e tornar até uma lenda em um lutador comum.

Considerado a divisão dos penas, Volkanovski já não precisa provar nada a ninguém. Nem sempre para conquistar um cinturão o lutador precisará derrota o melhor, e isso por acontecer por diversas variantes. Em seu legado, no entanto, o ‘Devorador de Lendas’ fez e faz questão de ‘riscar’ nome por nome de sua lista de vítimas.

Para muitos, José Aldo é o melhor peso pena da história – não só do UFC, mas, também do MMA. Para a tristeza de nós, brasileiros, o ‘Campeão do Povo’ foi uma das vítimas do australiano, quando foi anulado em pleno Rio de Janeiro, e superado diante de sua torcida.

Carrasco do mesmo Aldo por duas vezes, Max Holloway – que também é figura recorrente nas discussões de maior – também não pôde com Volkanovski. O carismático havaiano bem que tentou, mas foi destronado em 2019 e, em revanche imediata, falhou ao buscar retomar seu antigo trono.

Chamado por José Aldo de ‘Príncipe’ dos penas, Chad Mendes, o lutador que, desde jovem, teve todos os recursos para a se firmar como um ícone da categoria, ‘caiu’, literalmente, diante de Alexander.

Há controvérsias?

Que gritem os fãs: ‘Aldo defendeu o cinturão do UFC por sete vezes!’. É bem verdade, e, como grande fã do manauara, não pretendo, ao menos neste momento, comparar o legado daquele que representou tão bem o Brasil na organização.

Defesa feita, mais verdade ainda é que, José, apesar de viver novo – e grande – momento no peso galo do UFC, já enxerga Volkanovski correndo a plenos pulmões e perseguindo sua coroa e seu recorde. No último dia 9 de abril, o australiano conquistou a terceira defesa de título, e observa, de longe, um clima desértico, sem adversários que, no papel, possam ao menos assustar.

Quem, hoje, pode ‘bater no peito’ e dizer: ‘sou campeão do UFC e somo 21 vitórias consecutivas!’. Em um esporte em que, para se perder, basta um movimento equivocado de mãos ou pés, o retrospecto de Alexander impressiona.

Infelizmente, sou cético ao vislumbrar um campeão ou campeã perfeitos. Acredito que todos perdem em algum momento, desde que não se aposentem de forma precoce. Para um tropeço, basta que se tranque a porta do cage. Volkanovski, no entanto, não dá sinais de que irá encontrar alguém, em sua divisão, e em um curto período de tempo, que possa chocar o mundo e dizer: ‘derrotei uma lenda do peso pena’.

Pergunta simples: o que restou na divisão?

Assim como acontece com Israel Adesanya no peso médio (até 83,9kg.) do UFC, Alexander Volkanovski pode ter se tornado vítima de seu próprio talento. Após ter passado por nomes eternizados na divisão, o que resta agora?

Pupilo de Rafael Cordeiro na ‘Kings MMA’, Giga Chikadze traçava uma trajetória imponente na categoria, mas acabou vendo seu bom momento acabar depois de ser superado por Calvin Kattar. O próprio Kattar foi historicamente surrado por Max Holloway no início de 2021.

Ex-campeão do grupo, Holloway também ‘fez o favor’ de afastar as chances de Yair Rodriguez. Arnold Allen é um bom nome para o futuro, mas precisa mostrar mais na organização, além de figurar fora do top 5 da categoria.

Apesar de entregar uma ‘guerra’ contra Volkanovski em 2021, Brian Ortega não pôde superar o campeão. Quando incluímos o ‘Zumbi Coreano’, última vítima do australiano, foram-se os cinco atletas da elite dos penas.

O que resta para Volkanovski?

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