No maior estilo Rocky Balboa, Taila Santos tem condições de expor ‘bicho-papão do MMA’ no UFC 275

Assim como lenda das ‘telonas’, brasileira é azarão e precisa deixar tudo no octógono para chocar o mundo contra Valentina Shevchenko

T. Santos (esq.) desafia V. Shevchenko (dir.) no UFC 275. Foto: Montagem SUPER LUTAS

Destaque no UFC 275, que acontece neste sábado (11), Taila Santos viverá um episódio digno de roteiro de cinema. A brasileira é a mais nova responsável por tentar impor o fim do reinado de Valentina Shevchenko no peso mosca (até 56,7kg.). Pensando no contexto, é difícil não associar a situação da desafiante ao enredo escrito por Sylvester Stallone, para o filme ‘Rocky, um lutador’, de 1976. Este será o tema da nova edição do BLOG DA REDAÇÃO.

Quem conhece a história, percebe de início que nem tudo se encaixa perfeitamente. No roteiro da película, Rocky, um pugilista pobre que realiza ‘lutas de bairro’, é convidado a substituir o desafiante ao cinturão dos pesados que enfrentaria o lendário Apollo Creed.

Sem a preparação, equipe e confiança necessários, Balboa recusa a proposta em um primeiro momento, porém, volta atrás pensando na oportunidade de mudar de vida. Sem chances aparentes de derrotar o campeão, o desejo do ‘Garanhão Italiano’ era levar o confronto para a decisão dos juízes, independente do resultado.

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Com Taila, a situação é um pouco diferente. A brasileira batalhou – e muito – para conquistar a condição de desafiante ao cinturão dos moscas do UFC. Para chegar à Shevchenko, a catarinense ‘enfileirou’ quatro vítimas, com atuações convincentes e direito a bônus de ‘Performance’.

Então, por que associá-la a Balboa?

O talento de Santos é inquestionável. Para perceber tal afirmação, basta verificar a trajetória da brasileira nas artes marciais mistas. São 19 vitórias e apenas um tropeço como profissional na modalidade.

A questão é que, assim como Rocky, Taila precisará superar a desconfiança por parte dos fãs, imprensa especializada e até mesmo da lendária campeã. Nas casas de apostas, a tupiniquim surge como grande azarão e já foi menosprezada pela dona do cinturão.

No filme lançado em 1976, Creed deu a oportunidade a Balboa por acreditar que não teria problemas contra um pugilista desconhecido da Filadélfia. Recentemente, Shevchenko chegou a cravar ‘não existe a possibilidade de Santos vencer’.

Apoiada pela torcida brasileira, Taila terá 25 minutos para provar ao mundo que Valentina pode, sim, ser derrotada no peso mosca. E, assim como o ‘Garanhão Italiano’, penso que a catarinense tem as armas necessárias para expor fraquezas no jogo da grande campeã.

Valentina é tão boa quanto o representado por Creed?

Sem rodeios: sim. Shevchenko é a segunda campeã do UFC na história do peso mosca e, desde que assumiu o trono, não sofreu com qualquer desafiante. Até o momento, foram seis defesas de cinturão, fazendo com que boas adversárias parecessem amadoras quando se fechava a grade do octógono.

No Ultimate, a única que pode se dar ao luxo de afirmar que bateu a quirguistanesa é Amanda Nunes, algoz da lenda por duas vezes, quando a mesma ainda pertencia ao peso galo (até 61,2kg.). A estrela brasileira, porém, não teve vida fácil em nenhum dos triunfos.

Presente, em minha opinião, na lista de melhores lutadoras na história do MMA, dividindo o pódio com a própria ‘Leoa’ e Cris Cyborg, Valentina é uma atleta versátil. Imponente, a combatente parece somar uma infinidade de recursos que a permitem mudar o plano de jogo, caso algo saia de sua estratégia inicial. A campeã pode tanto dar show na luta em pé, quanto controlar as adversárias no chão, como já apresentado diversas vezes ao longo de suas participações no Ultimate.

Afinal, Taila deve ter o pensamento de Balboa?

Para vencer, Taila precisa ir além das ambições de Balboa no primeiro filme da franquia. Em ‘Rocky, um lutador’, o desejo era chegar ao fim do último round contra Creed.

No caso da brasileira, é preciso fazer valer a máxima de que ‘quando se fecha o portão do octógono’, todos têm condição de vencer, independente do adversário. Taila tem potência nos punhos, apesar de ainda não ter conquistado um nocaute no Ultimate. A catarinense também se vira bem na luta agarrada e no chão, outro fator importante.

Para confundir Valentina, é importante ter complexidade. Mostrar que ‘pode dar luta’ em qualquer área proposta pela campeã.

Nos moscas, Shevchenko praticamente não sofreu golpes duros. Quando se é tão dominante, uma ação inesperada por frustrar a confiança, algo como aconteceu entre Balboa e Creed.

O compromisso é difícil? É claro. No entanto, em quase 30 anos de existência, o UFC já provou aos fãs que nem tudo é impossível e que toda lenda pode ter seu ‘calcanhar de Aquiles’.

O Brasil está com Taila Santos e esperamos que o desfecho do UFC 275 seja o de ‘Rocky II’, e não o do primeiro filme da franquia.

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