Fim de uma era: Canal Combate se despede do UFC e deixa legado importante para o MMA brasileiro

Marca filiada à TV Globo encerrou a parceria de mais de 10 anos com o Ultimate no último fim de semana

C. Do Bronx encaixa finalização em J. Gaethje no UFC 274. Foto: Reprodução/Instagram

O UFC Las Vegas 66, realizado em 17 de dezembro de 2022, ficará marcado como ponto de nostalgia para os fãs de MMA. Mesmo com um evento sem brilho, o espetáculo representou a última transmissão do Canal Combate com direitos sobre a marca do Ultimate. Após mais de 10 anos, o que resta é um legado de suma importância para as artes marciais mistas, consagrando estrelas e realizando sonhos.

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Nos últimos anos, o Canal Combate teve como carro forte os direitos de transmissão do UFC. Por lá, acompanhamos momentos de glórias, decepções e surpresas.

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Momentos históricos transmitidos pelo Combate

MMA com Galvão Bueno

O pontapé inicial foi dado em novembro de 2011, com a primeira transmissão do Ultimate, ao vivo, na Rede Globo de televisão. Naquele momento, fãs não tão assíduos puderam acompanhar mais de perto o esporte que ganhava forças pouco a pouco.

Na luta principal reproduzida na TV aberta, Júnior Cigano foi ‘o cara do momento’. Com narração do consagrado Galvão Bueno, o peso pesado (até 120,2kg.) teve apresentação de gala ao nocautear o então campeão Cain Velasquez e vestir o cinturão da categoria.

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A conquista de Cigano é um marco para MMA brasileiro, pela grandeza do feito e repercussão à torcida tupiniquim.

Cai uma lenda, nasce um rei

Há sete anos, os fãs brasileiros do MMA teriam uma das maiores surpresas e decepções, juntas, em apenas uma luta. José Aldo e Conor McGregor se enfrentavam na ‘MGM Grand Garden Arena‘, em Las Vegas (EUA) e proporcionavam um dos momentos mais memoráveis da história do esporte.

Por dez anos, o ‘Rei do Rio’ construiu sua áurea de ‘invencível’, mesclando nocautes e decisões. Parecia não haver ninguém que pudesse acabar com seu reinado. Porém, nem tão discretamente, um irlandês começou a fazer barulho na organização e a chamar a atenção da imprensa e dos fãs.

O irlandês, em apenas dois anos, se tornou  o atual desafiante ao cinturão do peso pena do UFC. Após uma promoção marcada por provocações excessivas, Conor fez jus a sua promessa e nocauteou Jose Aldo em apenas 13 segundos, marcando época na maior organização de MMA do mundo.

Encontro de ‘gigantes’

Consideradas duas das melhores lutadores de todos os tempos no MMA, Amanda Nunes e Cris Cyborg levaram o Brasil ao topo do esporte e protagonizaram um evento épico para o UFC. Frente a frente, em confronto disputado em 2018, as estrelas se enfrentariam pelo cinturão dos penas (até 65,7kg.).

A disputa era um desejo de parte dos fãs do esporte e o encontro poderia confirmar o fim na curiosidade sobre qual seria a maior representante do esporte. Famosas pelo poder de nocaute, a falta de ação não era uma opção para as combatentes.

Em guerra de ego, as atletas começaram a se provocar e, finalmente, a campeã do peso galo (até 61,2kg.), Amanda Nunes, aceitou subir aos penas para tentar tirar o cinturão de Cyborg. No UFC 232, a baiana acabou chocando o mundo impondo uma vitória brutal diante da compatriota, que sucumbiu ainda no primeiro minuto e viu a coroa ser assumida por outra rainha.

Desfechos épicos

Com grandes lutas, obviamente o que não poderia faltar em nossa recapitulação seriam desfechos épicos. Então, relembre momentos em que o Canal Combate proporcionou episódios de afeto e empolgação.

Os fãs de MMA se acostumaram com as emoções transmitidas nas madrugadas que embalaram vitórias como as de Anderson Silva no início dos anos 2010.

Anderson Silva: o Rei dos médios 

Em 2012, Anderson Silva travaria revanche histórica com Chael Sonnen. Depois de vitória épica, com direito a virada apoteótica em 2010, o brasileiro voltou a medir forças com seu maior adversário dentro do UFC.

Se no primeiro encontro a batalha foi parelha, ‘Spider’ conseguiu provar sua superioridade diante do ‘Gangster Americano’. Com performance de gala, Silva voltou a ser brilhante e nocauteou o norte-americano de forma ‘humilhante’ no segundo assalto, mantendo o título dos médios (até 83,9kg.).

Roteiro de Rocky Balboa

Em 2022, um roteiro de filme se tornou realidade diante dos olhos de milhões de espectadores ao redor do mundo. No octógono, Kamaru Usman e Leon Edwards mediam forças em disputa válida pelo cinturão dos meio-médios (até 77kg.).

Frio, calculista, preciso e talentoso, Usman fazia parecer fácil o desafio contra um rival que já havia batido em 2015. Durante a maior parte da luta, o nigeriano cumpria o plano estabelecido e se aproximava da expressiva marca de 16 vitórias seguidas na organização, condição unicamente batida por Anderson Silva.

No último round, porém, Edwards fez história no MMA. Nos segundos iniciais, o desafiante conectou um chute alto de rara maestria e levou o, então, imbatível Kamaru a nocaute imediato. O título dos meio-médios, então, tinha um novo dono.

Vitor Belfort finaliza ‘gigante’

Após ‘luta do século’ contra Anderson Silva, Vitor Belfort não se deu por vencido e foi atrás de um novo cinturão, dessa vez na categoria dos meio pesados, onde quem reinava era o norte americano Jon Jones.  Em menos de um ano, o ‘Fenômeno’ já estava há poucos passos de se tornar novamente um campeão do UFC.

Em duelo disputado no Rio de Janeiro, Belfort foi escalado para enfrentar o perigoso Anthony Johnson, que vinha de duas vitórias consecutivas. O brasileiro, porém não tomou conhecimento e usou a estratégia de colocar para baixo. Faixa preta do Mestre Carlson Gracie, usou tudo que aprendeu e obrigou Johnson a dar os três tapinhas após ser pego num belíssimo mata leão.

Com a vitória emblemática, Vitor se credenciaria para a disputa do título nos meio-pesados em seu próximo desafio.

Mais um show de Charles do Bronx

A categoria do peso leve (até 70,3kg.) estava com o título vago, após Charles do Bronx, ter problemas com a balança e não ter batido o peso na véspera do UFC 274. A partir daquele momento, o duelo marcado contra Justin Gaethje, beneficiaria apenas o norte americano, que era o único  apto a receber o cinturão, em caso de vitória.

Com todas as razões para ficar frustrado e talvez desmotivado para a luta, Charles mostrou que a sua resiliência estava em dia. Enfrentando um dos trocadores mais perigosos do plantel, o faixa preta iniciou o combate dando as boas-vindas ao ‘bad boy’, balançando-o com um lindo cruzado. Na sequência, o paulista sofreu alguns sustos, chegado cair por duas vezes. Em tempos de glória, no entanto, nada poderia acabar com a sua sequência de vitória e, assim que pegou as costas de Justin Gaethje depois de abalar o rival com um direto, todos já sabiam o fim da história: vitória do brasileiro, por mata leão.

Canal Combate mantém grade, mesmo sem UFC

Apesar do fim do contrato com o Ultimate, o ‘Combate’ seguirá a aguçar os ânimos dos fãs de artes marciais. Mesmo sem o UFC, o Canal transmitirá eventos como Karatê Combat, o WGP Kickboxing, confrontos de boxe, jiu-jitsu e judô.

No MMA, serão exibidos eventos do ONE Championship, KSW e Jungle Fight. A equipe promete apresentar mais novidades nos próximos dias.

UFC em 2023

Em setembro, a Rede Bandeirantes confirmou ter adquirido os direitos de transmissão dos eventos do UFC. Além de cards em TV aberta, os fãs da organização poderão acompanhar os espetáculos via ‘Fight Pass‘, serviço de streaming que chega ao Brasil e promete deixar os fãs por dentro de tudo o que acontece na maior organização de artes marciais mistas do mundo.

O primeiro evento televisionado da próxima temporada será o UFC 283, que acontece no Rio de Janeiro, e conta com duas disputas de cinturão envolvendo brasileiros. Nos meio-pesados (até 93kg.), Glover Teixeira enfrenta Jamahal Hill pelo título vago, enquanto Deiveson Figueiredo trava tetralogia contra Brandon Moreno em unificação do trono dos moscas (até 56,7kg.).

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