Ecos da batalha: relatos de quem acompanhou de perto a volta do UFC ao Brasil

Quase três anos após evento em Brasília, silêncio provocado pela pandemia da Covid-19 é substituído por torcida inflamada no Rio de Janeiro

Jamahal Hill (esq.) superou Glover Teixeira (dir.) no UFC 283. Foto: Reprodução/Instagram

Emoção total. No último fim de semana, os fãs de MMA, incluindo este que vos escreve, puderam sentir a energia do retorno do Ultimate ao Brasil. Quase três anos passados do espetáculo realizado em Brasília, o silêncio das arquibancadas do show promovido durante a pandemia da Covid-19 deu lugar a uma multidão inflamada por entretenimento. Se era show o que queriam, show o UFC 283 entregou.

Como não poderia ser diferente, o espetáculo realizado em 21 de janeiro de 2023 contou com um verdadeiro exército brasileiro. Sentado na primeira fila da mesa de imprensa, pude sentir de perto a troca de emoções entre o octógono e as cadeiras espalhadas pela Jeunesse Arena.

Nas lutas principais, o que marca é a relação dos fãs na tentativa de apoiar seus campeões. Mesmo com resultados adversos nas duas lutas principais, válidas por cinturões na organização, a torcida buscou empurrar seus ídolos do início ao fim.

Sobre Deiveson Figueiredo, o que pude perceber foi um atleta que subiu no octógono com seu futuro traçado. Superado por Brandon Moreno em tetralogia pelo título dos moscas (até 56,7kg.), o brasileiro foi vítima do melhor preparo do adversário, que mostrou mais ambição para assumir o topo absoluto da categoria.

A cada investida do ‘Deus da Guerra’, mesmo que frustrada, o público se levantava, como um novo treinador, buscando dar forças ao que não caminhava bem. Mesmo com o apoio, Figueiredo acabou superado na decisão dos juízes e confirmou sua despedida da divisão.

Em seu discurso, Deiveson foi claro ao dizer que estava cansado do severo processo no corte de peso. Agora, é aguardar o próximo passo do lutador, que buscará o ‘ouro’ nos galos (até 61,2kg.).

Momentos após a derrota de Figueiredo, Glover Teixeira subiu no octógono para tentar recuperar o cinturão dos meio-pesados (até 93kg.), perdido em 2022, quando foi finalizado por Jiri Prochazka. Aos 43 anos, o mineiro tinha o público nas mãos, mas esqueceram de avisar da festa para Jamahal Hill.

De jeito brincalhão nas redes sociais, o norte-americano desembarcou no Rio de Janeiro sem o personagem extrovertido. No saguão do hotel em que estavam hospedados os atletas, era possível perceber o foco nítido no rosto do lutador. Hill era uma fera enjaulada pronta para atacar.

No dia do confronto, não deu outra. Para a tristeza de grande parte os espectadores, Glover, enfim, sentiu o peso dos 43 anos. Lento, o mineiro pôde contar apenas com a raça e resistência a ataques brutais.

Da mesa de imprensa, chegava a ser impossível esconder o incômodo dos sons emitidos a cada chute alto de Jamahal que tocava limpo a cabeça do mineiro. Teixeira, como toda grande lenda, ‘caiu de pé’. Ao fim de cinco rounds, Hill foi declarado vencedor e assumiu o trono vago da divisão até 93kg.

Em entrevista após o revés, ainda no octógono, Glover mostrou coerência com a própria carreira e legado. Em alto e bom tom, o lutador afirmou que não pretendia seguir competido. Por se sentir inferior ao rival, o brasileiro entendeu que chegava a hora de dar seu adeus ao MMA profissional.

Infelizmente, por situação de cultura, grande parte da torcida já havia deixado a Jeunesse Arena e não presenciou o discurso emocionante do ex-campeão do Ultimate. Glover, porém, é figura importante nos livros de história da modalidade.

Sobre o saldo, esportivamente o UFC 283 foi um espetáculo completo. Show de nocautes, finalizações, agressividade e o tempero clássico do torcedor brasileiro.

Espetáculo à parte, há algo que precisa ser criticado. Após a vitória de Brandon Moreno, uma pequena parcela do público ensaiou uma agressão ao algoz de Deiveson por acreditarem que a vitória do mexicano se tratava de um ‘roubo’. Com isso, garrafas foram atiradas no octógono, mas a situação foi logo controlada.

Obviamente, não poderia deixar de apontar um momento emocionante. Lenda das artes marciais mistas, Maurício Shogun anunciou sua aposentadoria do MMA aos 41 anos. Destaque no card preliminar, o curitibano foi superado por Ihor Potieria, mas teve homenagens digno de um ‘rei’, sendo aplaudido de pé pelos fãs ao deixar o octógono.

Encerrando, a sensação é de alegria. O Brasil estava com saudades do MMA e, por cerca de uma semana, pudemos respirar o esporte na ‘Cidade Maravilhosa’. Que venham os próximos.

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