Maneirem nas críticas: Whindersson tem mais a oferecer ao boxe, do que o boxe a Whindersson

Mesmo indo mal na derrota para King Kenny, brasileiro segue prestando grandes serviços à ‘nobre arte’ brasileira

Whindersson após luta no Kingpyn High Stakes. Foto: Reprodução/Instagram

Maneirem nas críticas. Quem está lendo este texto carrega consigo algum gosto pelas artes marciais ou apenas quer acompanhar meu posicionamento sobre a derrota de Whindersson Nunes no último fim de semana. Caso sua expectativa seja para um ‘rio de críticas’, lamento desapontá-lo. Aqui, tentarei explicar que a relação do astro brasileiro com o boxe vai muito além de perder ou ganhar um torneio de influenciadores digitais.

Não vou mentir: Whindersson foi muito mal na luta contra King Kenny. No entanto, precisamos dosar as expectativas quando analisamos a qualidade do brasileiro na modalidade.

No SUPER LUTAS, trabalho diariamente com referências nas artes marciais. No MMA, que nos ‘tira mais o sono’, cobrimos eventos de Jon Jones, Anderson Silva, Charles do Bronx. Ainda assim, aprendi a compreender e ‘virar a chave’ quando tratamos de apresentações envolvendo lutadores que não são atletas profissionais.

Em 2022, quando Whindersson subiu no ringue para enfrentar Popó, obviamente entendi que o piauiense seria um ‘saco de pancadas’ para o tetracampeão mundial. No entanto, o humorista aguentou oito rounds de ‘tortura’. Claro, com a lenda do boxe brasileiro ‘pisando no freio’ em grande parte da disputa.

Quando a luta contra Acelino acabou, o baiano não escondeu a gratidão pelo que Nunes havia acabado de fazer. Entenda: Popó é ex-campeão mundial de boxe. Campeão mundial, e não chegava perto da popularidade do comediante.

A gratidão se tornou tatuagem, que, eternamente, estará riscada no peito do pugilista. Esse é o poder de Whindersson.

Infelizmente, o boxe brasileiro não vive um grande momento e artifícios como apresentações de Nunes têm grande poder de adesão. Participar de um evento junto ao piauiense causa visibilidade, o que é algo que o humorista pediu, não só após a luta contra Popó, mas também momentos após a derrota para King Kenny.

Whindersson quer ajudar. Quer agregar. Não espero que o brasileiro suba no ringue com a mesma qualidade de um campeão mundial, ou candidato a campeão. Não espero nem mesmo que ele colecione vítimas em seus compromisso.

Meu pedido, no entanto, não é que evitemos críticas a Nunes. Se lutou mal, precisa ser dito, e não há nada de errado nisso. Porém, não vejo como desleixo da parte do humorista. Vejo ele compenetrado. Ele apenas foi superado por um adversário melhor, maior e mais técnico.

O que espero é que ele siga tratando o boxe com respeito e faça de sua popularidade um combustível para que a ‘nobre arte’, no Brasil, retorne à realidade dos tupiniquins. Depois da derrota para Kenny, Nunes bradou que não apenas sua luta deveria ser transmitida em TV aberta, como foi o caso da Rede Globo. Mas pediu que outros lutadores tivessem a mesma visibilidade.

Há alguns meses, Esquiva Falcão, um dos nossos grandes nomes do boxe na atualidade, foi às redes sociais clamar por patrocínio – que, felizmente, apareceu. À época, o brasileiro já era cotado como candidato a disputa de cinturão mundial dos médios. O mesmo Esquiva, em janeiro de 2022, ‘pegou carona’ na popularidade de Nunes e foi uma das atrações do Fight Music Show.

Infelizmente, o Brasil, hoje, não trata prospectos como deveria.

No título deste texto, não agi com provocação. Whindersson não precisa de dinheiro. Com mais de 50 milhões de seguidores no Instagram, 27 milhões no Twitter, quase 45 milhões de inscritos em seu canal no YouTube, o piauiense, com méritos, tem a vida garantida financeiramente. Ele não precisa do boxe. O boxe brasileiro, no entanto, precisa de Whindersson Nunes.

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