Jailton Malhadinho após vitória no UFC. (Foto: Instagram/UFC)
No último sábado (4), o UFC voltou a São Paulo depois de quatro anos de ausência. O evento, que contou com 11 brasileiros no octógono, teve como luta principal o duelo entre Jailton Malhadinho x Derrick Lewis. O baiano, que vinha de cinco vitórias seguidas na organização, enfrentava o seu maior desafio na carreira até então. E ele não decepcionou.
O lutador, de 32 anos, mostrou toda a sua superioridade no grappling e dominou Lewis por cinco rounds, vencendo por decisão unânime dos juízes. Foi a 20ª vitória consecutiva de Malhadinho no MMA, que segue invicto no Ultimate. Com o triunfo, ele se aproximou ainda mais de uma chance de disputar o cinturão dos pesos pesados, que atualmente pertence a Jon Jones.
Mas quem é Malhadinho e por que ele pode ser o novo rosto do UFC no Brasil? Para responder a essa pergunta, é preciso conhecer um pouco da sua trajetória. O lutador treina na equipe Galpão da Luta, sob o comando de Leonardo Pateira. Lá, ele aprimorou a trocação e o wrestling, tornando-se um lutador mais completo e versátil.
Em 2022, Jailton assinou com o UFC e fez a sua estreia na organização, nocauteando o compatriota Danilo Marques no segundo round. Depois disso, ele finalizou mais cinco adversários: Parker Porter, Anton Turkalj, Shamil Abdurakhimov, Jairzinho Rozenstruik e, por último, Derrick Lewis.
O que chama a atenção em Malhadinho é a sua capacidade de levar a luta para o chão e finalizar os seus oponentes com facilidade. Ele tem um jiu-jitsu de alto nível, com uma guarda muito ativa e um jogo de pernas muito eficiente. Além disso, o baiano também tem um wrestling ofensivo, com quedas explosivas e transições rápidas. É um especialista na arte suave, algo que não se vê muito na divisão dos pesados, onde a maioria dos lutadores prefere trocar socos em pé.
Jailton é um lutador que incomoda os seus adversários pela sua pressão e pelo seu controle no solo. Ele não dá espaço para os seus oponentes respirarem e os sufoca com golpes e tentativas de finalização. O lutador também tem uma boa defesa de quedas e uma boa movimentação em pé, o que dificulta a estratégia dos seus rivais. Impõe o seu jogo e não se adapta ao jogo dos outros.
Isso ficou evidente na luta contra Lewis, que é conhecido por ser um dos nocauteadores mais temidos da categoria. Malhadinho não se intimidou com a potência dos golpes do norte-americano e o levou para o chão logo no início da luta.
Lá, o baiano mostrou toda a sua superioridade técnica e tática, mantendo o Blackbeast sob o seu domínio por 25 minutos. O brasileiro não conseguiu finalizar o americano, que resistiu bravamente, mas venceu com folga na pontuação.
A vitória de Malhadinho sobre Lewis foi histórica e impressionante, mas também gerou algumas críticas. Alguns fãs e analistas acharam que a luta foi monótona e que o baiano poderia ter sido mais agressivo e buscado mais o nocaute. Outros acharam que ele foi inteligente e cauteloso, e que não precisava arriscar contra um adversário perigoso como Lewis.
O próprio lutador rebateu as vaias que recebeu da torcida no Ginásio do Ibirapuera, dizendo que luta para si mesmo e não para agradar os outros.
Essa postura de Jailton Almeida pode gerar admiração ou rejeição, dependendo do ponto de vista de cada um. Mas uma coisa é certa: ele já está incomodando e chamando a atenção no mundo do MMA. E pode estar a uma luta de disputar o título.
Malhadinho tem potencial para ser o novo rosto do UFC no Brasil, um país que abraçou as causas de Alex Poatan e Charles do Bronx, mas perderam seus cinturões. O baiano tem talento, carisma e personalidade para representar o país no cenário internacional. Tem um estilo de luta que pode dividir opiniões, mas que certamente não passa despercebido.
