Fã número um de Lyoto, chinês viaja o mundo atrás do lutador e desembarca em Barueri

David Ma, ou "Chow", já esteve em diversas lutas do Dragão e não pensa duas vezes ao por em risco até mesmo seu trabalho para correr atrás do ex-campeão

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Chow veio ao Brasil exclusivamente para assistir Lyoto lutar. Foto: Lucas Carrano/SUPER LUTAS

Qual foi o maior esforço que você já fez por seu ídolo do esporte? Para o chinês David Ma, de 25 anos, a resposta é fácil, mas requer bastante empenho: reprogramar sua vida completamente.

Nascido na China, mas cidadão do Canadá desde que ainda era uma criança, Ma, ou “Chow”, como prefere ser chamado, não pensa duas vezes quando perguntado sobre quem é seu maior herói. “Lyoto Machida”, responde de bate-pronto.

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Por isso, de 2007 pra cá, Chow não tem poupado esforços e tem viajado dentro e fora de seu país para assistir tantas lutas do brasileiro quanto for possível. “Eu sei que ele não vai lutar para sempre, então preciso aproveitar enquanto ainda está ativo”, justifica.

Para conseguir cumprir sua saga, David não tira férias no trabalho e usa os dias livres em folgas menores, distribuídas de forma a contemplar o máximo de eventos com Machida. Tanto esforço e adaptação não fazem com que o chinês tema irritar seu chefe.

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“Meu chefe não fica bravo, eu já avisei ele sobre minha decisão. A única razão pela qual eu vou ao trabalho é para juntar dinheiro para assistir as lutas do Lyoto Machida. Se eu não conseguir fazer isso no trabalho, eu não tenho razão para trabalhar. Pois eu só quero vê-lo lutar, é o que me fazer feliz”, disse Chow, que contou sobre como funciona a “negociação” com seu chefe.

“Eu só digo para ele: ‘Tem uma luta do Machida chegando, vai ser neste dia e eu preciso de alguns dias de folga’. E eu não estou dizendo que eu peço para ele, porque se ele disse que não eu vou do mesmo jeito, eu falto devido a uma ‘doença’ ou até me demito, não importa”, contou o chinês, que trabalha como engenheiro.

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Para vir ao Brasil, no entanto, Chow não teve que administrar somente seu trabalho. “Eu estava no México visitando minha namorada, que mora lá, mas saí na metade da semana e vim direito para o Brasil, para São Paulo, para assistir ao UFC”, revelou.

Apesar de tantos capítulos já escritos e planos para tantos outros, a história de Chow e Lyoto começou por acaso. “Provavelmente foi em 2006. Ele foi um dos primeiros caras que conheci. Porque eu estava no site do UFC procurando quem eram os campeões, porque não conhecia ninguém, e lembro de ver o Rich Franklin. Na época ele tinha mais de 20 vitórias e só uma derrota e eu fiquei me perguntando quem tinha vencido ele. Eu procurei e descobri que era um tal de “Ryoto” Machida, eles escreviam o nome dessa forma na época. Daí em diante comecei a ver suas lutas e foi assim que tudo começou”, lembrou o fã, que assistiu o ídolo ao vivo pela primeira vez em dezembro de 2007, na vitória sobre Rameau Sokoudjou.

Segunda vez no Brasil tem novo escudeiro

Desta vez, o chinês teve a companhia do amigo Tristan (dir.) em sua viagem. Foto: Lucas Carrano/SUPER LUTAS

Desta vez, o chinês teve a companhia do amigo Tristan (dir.) em sua viagem. Foto: Lucas Carrano/SUPER LUTAS

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A visita a São Paulo e Barueri não é a primeira de Chow ao Brasil. Após tentar, sem sucesso, ir a Londres assistir a luta entre Lyoto Machida e Mark Muñoz, já que o brasileiro entrou na luta de última hora substituindo o contundido Michael Bisping, ele prometeu a si mesmo que não perderia a próxima exibição do “Dragão” por nada e veio a Jaraguá do Sul em fevereiro deste ano, assistir ao duelo contra Gegard Mousasi.

Pela segunda vez em menos de um ano no país, Chow já tem uma opinião bem definida sobre o Brasil. “Cara, eu amo o Brasil. Eu queria muito visitar o país antes de vir aqui neste ano e quero muito voltar mais vezes. As pessoas são muito legais, muito interessadas no que você está fazendo aqui e sempre têm ótimas conversas”, comentou.

Em seu retorno ao Brasil, David não veio sozinho. Desta vez ele trouxe o amigo Tristan Singh, também de 25 anos, como seu escudeiro em mais uma etapa da “Jornada Machida”. Tristan não é tão fã do lutador brasileiro assim, mas admite ser difícil manter-se impassível ao lado de Chow. “Eu nunca tinha ouvido falar do Lyoto antes do meu amigo Chow comentar comigo há alguns anos, mas aceitei o convite quando ele me chamou para vir ao Brasil e estou adorando. Adorando a experiência, o evento e também o país. As mulheres aqui são incríveis (risos), todo mundo é tão amigável e a comida é ótima, eu vou voltar com 100% de certeza”, garantiu.

O encontro com o ídolo

"Finalmente!", comentou Chow em maio deste ano após conhecer Machida. Foto: Arquivo Pessoal

“Finalmente!”, comentou Chow em maio deste ano após conhecer Machida. Foto: Arquivo Pessoal

Mesmo com tantas viagens no histórico e presenças em eventos nos quais Lyoto Machida esteve lutando, o primeiro encontro entre fã e ídolo aconteceu curiosamente em um card no qual o “Dragão” não estava atuando.

Em maio deste ano, Lyoto enfrentaria Chris Weidman pelo cinturão dos médios em Las Vegas (EUA) e obviamente David programou sua viagem e comprou seus ingressos para assistí-lo lutar pelo título. Porém, uma lesão de Weidman adiou o duelo para julho e Chow acabou assistindo in loco o card do UFC 173, no qual Renan Barão acabou sendo derrotado por TJ Dillashaw na luta principal. A ida do fã a Nevada, no entanto, valeu a pena.

“Mesmo com a luta adiada, Lyoto foi a Las Vegas e participou de uma sessão de autógrafos no Mandalay Bay. Foi lá que eu consegui finalmente encontrá-lo pessoalmente pela primeira vez. Nós conversamos um pouco, tenti explicá-lo onde Newfoundland (província do Canadá onde cresceu) fica e tiramos algumas fotografias”, relatou.

Melhor e pior momento como fã de Lyoto

Derrota para Shogun foi eleita por Chow como o pior momento de sua trajetória. Foto: Josh Hedges/UFC

Derrota para Shogun foi eleita por Chow como o pior momento de sua trajetória. Foto: Josh Hedges/UFC

Sendo um fã tão assíduo há tanto tempo, Chow certamente viveu bons e maus momentos torcendo pelo ex-campeão dos meio-pesados. Questionado sobre quais foram aqueles que mais o marcaram, ele fez questão de relatar primeiro o pior episódio de toda a trajetória.

“Eu estavam em Montreal, em maio de 2010, e ele estava lutando contra o Shogun pela segunda vez. Eu lembro o quão estressante foi assistir aquela primeira luta e eu não estive nesta primeria luta, porque eu tinha algo pra fazer. A luta foi parelha. Eu acredito que ele venceu, mas foi uma luta muito apertada. Então, quando a segunda luta veio, eu estava muito nervoso, mas eu ainda acreditava que o Machida ganharia. Então, veio o primeiro round e ele foi nocauteado de maneira até fácil e aquilo foi chocante pra mim. Eu lembro de ter ficado deprimido por uns quatro meses. Eu não saí de casa pela primeira semana toda, eu só fiquei em casa. Eu lembro de ter terminado uns quatro jogos em poucos dias, tudo para tentar esquecer o que tinha acontecido em Montreal”, contou.

Chutaço pra cima de Couture foi lembrado como o momento mais marcante. Foto: Divulgação

Chutaço pra cima de Couture foi lembrado como o momento mais marcante. Foto: Divulgação

O Canadá foi palco tanto do momento mais triste quanto do mais feliz para Chow, que encontraria sua redenção cerca de um ano depois da derrota para Shogun, em meio a quase 55 mil pessoas em Toronto, no UFC 129. “A vez em que fiquei mais feliz foi naquele evento do estádio, no Rogers Centre, contra Randy Couture. Ele aplicou aquele chute à la “Karate Kid” no meio da cara… Pra ser sincero, eu pulei tão rápido quando eu vi, que acho que fui a primeira pessoa a ficar de pé. E isso é uma coisa interessante sobre o Machida: você tem que prestar muita, mas muita atenção em suas lutas. Porque senão, caso contrário, você pode não entender. Muitas pessoas não entendem, eu diria, porque elas tacham o seu estilo de chato e coisas do tipo”, analisou.

Neste sábado (20), Chow e seu amigo Tristan estarão sentados na primeira fila, ao lado do octógono, para o UFC Barueri, no qual Lyoto Machida enfrenta CB Dollaway na luta principal.

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